terça-feira, 8 de abril de 2008

um dia de Marginal (maio 2003/vejinha SP)

http://veja.abril.com.br/vejasp/070503/cidade.html

CIDADE

Um dia de Marginal
Quem passa pela Marginal Pinheiros
enfrenta trânsito e asfalto esburacado.
Agora, a prefeitura quer 44 milhões
de reais para recuperar a avenida,
que por enquanto só é cartão-postal
em ensaio fotográfico

Marcella Centofanti


O último recapeamento da avenida ocorreu há doze anos. Desde então, os reparos resumem-se a operações tapa-buraco. Se o novo projeto sair do papel, toda a cobertura será refeita e a via ganhará duas pistas extras Cerca de 400.000 veículos circulam por ali diariamente. O trecho mais movimentado está situado próximo à Ponte Bernardo Goldfarb (acima), por onde passam mais de 150.000 carros todos os dias
Cerca de 1 milhão de pessoas passam diariamente pela Marginal Pinheiros e deparam ao mesmo tempo com o que a cidade tem de mais moderno e de mais atrasado. De um lado, os edifícios milionários e imponentes da região da Berrini e as futuristas estações de trem e metrô. De outro, a poluição do rio, as favelas, o trânsito caótico e o mau estado de conservação da pista. Na semana passada, a prefeitura anunciou um projeto capaz de mudar parte desse panorama. Ela quer do governo federal 100 milhões de reais para investir em obras de melhoria no trânsito das marginais Pinheiros e Tietê. A administração municipal entraria com uma contrapartida de 20 milhões de reais. "As duas avenidas ligam rodovias importantes e, por isso, recebem um forte tráfego de caminhões que vêm de todo o país", afirma Antonio Donato, secretário de Subprefeituras. "São eles os maiores responsáveis pela deterioração do asfalto, e não é justo a cidade pagar o pato."


A Berrini tornou-se o grande centro comercial da cidade na década de 90. E não pára de crescer. No ano passado, dois hotéis cinco-estrelas foram inaugurados na região (na foto, o Hilton, ainda em obras)
Para a Marginal Pinheiros seriam destinados 44 milhões de reais. Só a recuperação da pista consumiria mais de 60% desse montante. A última grande reforma feita em seu asfalto ocorreu doze anos atrás, durante a gestão de Luiza Erundina. De lá para cá, foram feitas ali apenas operações tapa-buraco. O plano prevê também melhorias na sinalização e a instalação de sete câmeras e sete contadores de tráfego. Em alguns trechos entre a Avenida dos Bandeirantes e a Ponte Cidade Jardim, no sentido Santo Amaro–Jaguaré, seriam construídas duas faixas extras – um acréscimo de 5 quilômetros. Isso aumentaria a circulação de automóveis em até 30%, segundo cálculos da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). A "demanda reprimida" da via, estimada em 200.000 veículos, cairia pela metade. "Se o financiamento sair, concluiremos as obras em um ano", promete Tadeu Duarte, superintendente de projetos da CET.

Caminhar pela via é um perigo. Em quantidade de acidentes, ela só perde para a Marginal Tietê. Segundo a CET, em 1998 (os registros mais recentes) aconteceram 89 atropelamentos e 709 acidentes com vítimas
As marginais foram idealizadas em 1929, pelo engenheiro Prestes Maia, que entre as décadas de 30 e 60 governou a cidade por duas vezes. A idéia era que elas fossem uma espécie de bulevar, com árvores ao redor dos rios. "Era uma proposta inovadora, pois já trazia o conceito de tirar os automóveis do centro", afirma a arquiteta Jenny Perez, autora de uma tese de doutorado sobre as marginais. "Hoje elas formam a espinha dorsal do trânsito da cidade." O fluxo de veículos e pessoas pela Marginal Pinheiros é intenso durante todo o dia. Um ano atrás, o fotógrafo Pablo de Sousa passou 24 horas na avenida e produziu 540 imagens – cinco delas ilustram esta reportagem – para seu projeto de conclusão de curso na Escola Superior de Fotografia do Senac. Há desde trabalhadores cruzando a Ponte do Morumbi às 6 da manhã até show de luzes formado pelos faróis dos carros ao cair da noite. Em 2004, a via completa 35 anos. Quando foi inaugurada, em 1969, ia da Lapa ao Morumbi. Apenas doze anos depois foi entregue o trecho que vai até a Ponte João Dias, mesmo período em que as pistas de cada lado do rio deixaram de ter duas mãos de direção. Naquela época, o trânsito já era complicado, mas nem de longe registrava os alarmantes índices de congestionamento atuais.


A linha Osasco–Jurubatuba é considerada uma das mais modernas do Estado. Seus novos trens têm ar-condicionado e música ambiente. De suas quinze estações, sete foram inauguradas nos últimos três anos

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